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quinta-feira, 19 de maio de 2011

MEC descarta regra do "jeito certo" de falar desde 1997

A polêmica sobre o livro didático:  "Por uma Vida Melhor" da professora Heloisa Ramos esconde interesses que vão além das aparências. (Veja aqui, porque a Abril está soltando os cachorros em cima do Haddad) A orientação para que as escolas não "consertem a fala de aluno para evitar que ele escreva errado" consta desde 1997 dos Parâmetros Curriculares Nacionais. Os documentos servem como orientação a escolas, professores e editoras.
Quando abordou nos PCNs o tema "qual fala cabe à escola ensinar", o Ministério da Educação já orientava que a escola "precisa livrar-se do mito de que existe uma única forma certa de falar".
Mesmo assim, surgiu recentemente uma grande discussão sobre variações na linguagem oral em desacordo com a norma culta, motivada pelo livro didático "Por uma Vida Melhor".
Na semana passada, o site IG divulgou que o livro, ao tratar da diferença entre a língua oral e a escrita, afirma que é possível dizer, em determinados contextos, "os livro ilustrado mais interessante estão emprestado".
A educadora Maria Cristina Ribeiro Pereira, uma das coordenadoras dos PCNs em 1997, diz que a inclusão do tema nos parâmetros teve como objetivo chamar a atenção da escola para preconceitos não visíveis.
"O preconceito em relação à fala acontece não apenas com jovens e adultos. É comum, por exemplo, quando uma criança sai de uma escola rural para uma urbana, sofrer preconceito pelo modo de falar." Ela não quis comentar o livro "Por uma Vida Melhor" por não tê-lo lido.
Para o linguista e acadêmico da Academia Brasileira de Letras Evanildo Bechara, no entanto, a orientação dos PCNs foi um "erro de visão".
"Há uma confusão entre o que se espera de um cientista e de um professor. O cientista estuda a realidade de um objeto para entendê-lo como ele é. Essa atitude não cabe em sala de aula. O indivíduo vai para a escola em busca de ascensão social", diz Bechara.
Anteontem, a ABL divulgou nota oficial criticando o livro e o MEC. Marcos Bagno, autor do livro "Preconceito Linguístico", discorda.
"Discutir preconceito linguístico na escola é fundamental para que alunos que vêm de classes menos favorecidas não se sintam reprimidos ou amedrontados", diz.
"A atitude normal da escola sempre foi zombar da fala dos alunos. Esse debate é fundamental para criar um ambiente mais acolhedor."
Bagno critica os meios de comunicação por terem criado o que ele chama de falsa polêmica. "A discussão sobre preconceito linguístico ocupa apenas 2% do tempo de sala de aula. Nos outros 98%, o que se faz é ensinar as normas cultas de prestígio."
Ele argumenta também que a língua é dinâmica. 'Há 50 anos, dizer que alguém "poderia se mudar' era crime bárbaro, pois o certo seria poder-se-ia. Hoje, no entanto, quase todos os manuais de redação de jornais orientam a evitar a mesóclise."Do Nassif On line"
Haddad respondeu a pergunta de radialista (nesta quinta-feira 19),  sobre o livro “Por uma Vida Melhor”, distribuído pelo Programa Nacional do Livro Didático para a Educação de Jovens e Adultos, cuja abordagem metodológica valoriza a linguagem coloquial e a norma culta. O ministro da Educação rebateu críticas de que a obra ensinaria a falar errado.

“É um equívoco o que estão dizendo do livro: que ensina a falar a errado. O livro parte de uma situação de fala, mas induz o estudante a se apropriar da norma culta”, disse Haddad.
        

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