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quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Vermelho como o céu Cristiano Bortone 2006

“Não temos mais medo. Com os olhos vendados, somos invencíveis.”
 
Já de início, a produção italiana de 2006 “Vermelho como o Céu”, reconhecido em festivais como os de Durban, Flanders, Hamburgo, Hamadã, Montreal, Palm Beach, Sidney e, eleito o melhor filme pelo júri popular da 30ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, nos informa tratar-se de uma história baseada em fatos reais (baseada na vida de Mirco Mencacci, um dos mais talentosos editores de som da indústria cinematográfica italiana).

Entretanto, os fatos que ouvimos no decorrer de seus curtos 96 minutos são tão encantadores, diria mais, fantasiosos – creio que esta mais que “superação” seja a palavra síntese da obra – que em alguns momentos nos questionamos até que ponto aquilo pode ter acontecido “de verdade” ou se não passa de parte de alguma fábula imaginada por aquelas mentes tão sonhadoras, orquestradas com sensibilidade e amor por ele: Mirco Barelli, o jovem protagonista de 10 anos.

O filme se passa em 1970, inicialmente na cidadezinha de Pontedera, região da Toscana na Itália – com aquelas paisagens belíssimas em pleno verão -, onde Mirco, apaixonado por cinema (paixão esta aparentemente compartilhada por seu pai), mora com seus pais. Encantado com o rifle de seu pai, como daqueles cowboys dos filmes que tanto gosta, o menino acaba por sofrer um terrível acidente e acaba praticamente cego, passando a enxergar apenas sombras nada nítidas. A partir daí, é transferido para o Instituto Cassoni em Gênova, específico para meninos que sofrem de deficiência visual, pois de acordo com as leis italianas da época ele não poderia mais estudar nas escolas ditas “normais”, ficando, assim, bem longe de seus pais. Neste ponto, o filme começa a tocar numa ferida social e política profunda: a segregação. E mais, levanta questionamentos chaves como o que é a normalidade afinal, explicitados nas discussões incisivas travadas entre o amargo e ressentido diretor do Instituto, também cego, mas cheio de preconceitos em relação a capacidade dos próprios deficientes visuais (segundo ele impossibilitados de exercerem seu pleno direito a liberdade), e Don Giulio, o padre mais jovem. E, ao longo do filme o que esses garotos cegos vão fazer é nos mostrar (e não provar, essa é a grande sacada do filme, a naturalidade, a não necessidade de ficar o tempo todo provando que eles são normais) que são, antes de tudo, garotos, cheios de vida e sonhos, alegres e muito travessos, diga-se de passagem, independentemente de suas condições físicas.

“Rosso Como il Cielo”, título original em italiano claro, é, indubitavelmente, um filme tocante: sensível, poético e repleto de lirismo, e sem ser apelativo, crédito ao diretor. Cristiano Bortone opta pela simplicidade, a naturalidade e a alegria ao invés de apenas, e sem o mínimo senso de ética, explorar a deficiência visual desses garotos incríveis em prol de uma dramaticidade forçada. O filme é sim emocionante, disto não resta dúvida (temos as lágrimas em diversas passagens como prova), mas não só nos momentos de maior potencial dramático (lindíssimos, profundos) em que vemos Mirco descobrir com Felice, Francesca e Don Giulio, novos mundos, representados pela “descoberta” (e não é exagero dizê-la) dos quatro outros sentidos, destacadamente o tato (o marrom áspero como a casca de uma árvore, na linda cena em que Mirco fala das cores à Felice) e a audição (a história gravada que apresenta a Don Giulio como trabalho nada convencional sobre as quatro estações, intitulada “A chuva termina, o sol aparece”), como também nas cenas mais simples em que sequer lembramos de sua digamos assim “condição”: Mirco levando Francesca na garupa da bicicleta até o cinema; os garotos que zombam da irmã do carismático Felice durante o banho; os meninos e Francesca indo ao cinema escondidos e se divertindo com a risada peculiar de outro espectador; a descoberta do primeiro amor, puro e inocente, entre Mirco e a linda Francesca; a criatividade dos garotos na construção coletiva das tocantes fábulas sonorizadas, em que até Valério, o “antipático” e briguento (quem nunca estudou com algum garoto assim no primário) acaba se rendendo, e é nesse sentido, que nos faz lembrar um clássico do cinema italiano de 1989, eternizado na memória de qualquer pessoa que o tenha visto, “Cinema Paradiso”, de Giuseppe Tornatore. LEIA MAIS>>
    
 

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